A História do Hospital Vinicultor

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Qual a relação entre vinho e hospital? Não, não trata-se de mais uma pesquisa medico-hospitalar que diz que uma taça de vinho faz bem para a saúde. Essa relação existe desde 1443, antes mesmo da chegada dos Portugueses ao Brasil.

Tudo começou na cidade de Beaune que fica na Rota do Vinho, na Borgonha (França). Após a Guerra dos Cem Anos, um casal de nobres apaixonados decidiu criar um hospital caritativo para as vítimas da peste. O hospital Hospices de Beaune mais parecia um palácio, com salões ornados de tapeçarias e pinturas flamingas. Também chamado Hôtel-Dieu, foi durante séculos uma referência no tratamento de diversas doenças. Até os afortunados desejavam se curar pelas freiras que lá exerciam. 

Naquela época, sem saneamento básico, beber água era perigoso para a saúde, o vinho era então recomendado. Todo doente tinha direito a uma garrafa em seu leito. Os burgueses da cidade, tocados pelo trabalho de Nicolas Rolin, chanceler do duque de Borgonha, e de sua esposa Guigone de Salins, doavam terras, madeiras e vinhas para financiar o hospital.

Hoje, a vinícola dos Hospices de Beaune abrange 60 hectares de Premier Cru e Grand Cru (Pommard, Volnay, Meursault, Chassagne-Montrachet, Corton, Pouilly-Fuissé, Chablis, Mazis-Chambertin …). 50 hectares são consagrados ao Pinot Noir e 10 ao Chardonnay, todos eles confiados a 22 viticultores excepcionais.

Os Hospices de Beaune receberam seu último paciente em 1983. Nos anos 2000, um novo centro hospitalar foi criado, fundindo-se com diversos hospitais da região para formar o novo “Hospices Civils de Beaune”. O imponente prédio com sua fachada gótica e seus emblemáticos telhados coloridos que formam motivos geométricos reconhecidos de longe é, hoje, um Museu. Orgulho da cidade, pode ser visitado o ano todo e, além da sua obra arquitetônica, o Museu guarda uma coleção de cerca de 5.000 objetos, o mais famoso é o políptico Jugement Dernier (Juízo Final) de Rogier van der Weyden.

Leilão

Cinco séculos e a tradição caritativa continua com o famoso leilão dos Hospices de Beaune que ocorre todos os anos no terceiro domingo do mês de novembro. O primeiro ocorreu em 1859 e se internacionalizou em 2024. Desde 2005 esta venda é organizada hoje pela renomada Christie’s e virou a maior venda caritativa de vinhos no mundo. Na ocasião 85% da produção da vinícola é vendida e o valor arrecadado é consagrado à melhoria dos equipamentos do novo centro hospitalar e à conservação do Hôtel-Dieu. No ano passado, a soma foi mais de 12,3 milhões de euros, cerca de 56 milhões de reais, um recorde histórico!

Como participar

Amantes de bons vinhos, caridosos ou simplesmente curiosos, anotem em suas agendas: neste domingo 18 de novembro terá lugar o 158º leilão de vinhos dos Hospices de Beaune. Além de uma oportunidade única de visitar a cidade Beaune num clima de festa, você poderá degustar e comprar grandes vinhos como Pommard, Corton, Echézeaux, Mazis- Chambertin, Volnay, Montrachet, Meursault e Pouilly-Fuissé. Tudo isso contribuindo para uma ação caritativa.

Neste ano serão leiloados 828 barris e 50 garrafas. Embora o evento seja principalmente para profissionais, desde 2009 a Maison Bichot Beaune tornou o leilão acessível a todos. Basta fazer um pedido antes da data da venda, pelo site do evento. O mais difícil será escolher: St Romain e Meursault Genevrière 1er Cru, Saverer 1er Cru, Beaune 1er Cru e Pommard 1er Cru Dames de la Charité. Segundo as denominações, os preços variam entre 60,95 e 138 euros (cerca de R$260-R$600) a garrafa. As encomendas podem ser feitas em 1, 3 ou 6 garrafas, até mesmo um barril (pièce) com 228 litros (288 garrafas) para compartilhar com os amigos. Atenção, trata-se de compra de primeurs, ou seja os vinhos serão entregues, após maturação em barril, só em 2020!

Bonne dégustation!

By |2019-02-28T13:35:19+02:00novembro 7th, 2018|0 Comments

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About the Author:

Raice é jornalista e redatora gastronômica, formada pelo CELSA (Sorbonne) e WSET 3. Franco-brasileira, nascida em Natal (Brasil), foi Paris onde ela largou suas malas. Apaixonada pela África, viveu em Angola, África do Sul e Congo. Começou sua carreira como repórter de TV em Brasília, trabalhou na CLP-TV e na Paris Première (Paris) e também trabalhou em comunicações para empresas internacionais como FUNCEF ou Total. Hoje é CEO da agência Degustar o Mundo, quando ela não está degustando ou escrevendo para este site, está desenvolvendo novos projetos. Você pode lê-la todas as semanas no Jornal de Brasília.

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